O BE é um partido urbano. Enquanto o PCP consegue arranjar candidatos até nas mais pequenas freguesias do norte, o BE praticamente não existe fora as áreas metropolitanas. Quando instados a responder por que não fazem parte do PCP, os bloquistas alegaram discordar das políticas não democráticas do partido e dizem defender o verdadeiro socialismo
A princípio, o partido seria apenas mais um na "defesa" das ditas classes oprimidas. Porém, como nós sabemos, o BE defende ideias antípodas às defendidas por pessoas comuns. É um partido majoritariamente formado, por militantes de classe média-alta, por rebeldes com causas absurdas e por intelectuais. É portanto um partido elitista e sem operários nos seus quadros principais.
A distância abissal entre o BE e a vida real é facilmente verificável. O trabalhador odeia ladrões, o BE acha que eles são apenas vitímas da sociedade; se o trabalhador conhece de perto casos de pessoas destruídas pelas drogas, o BE defende a venda livre; se o trabalhador está preocupado com o desemprego e a má qualidade dos serviços públicos, o BE prioriza o inchaço estatal. Se o eleitorado é formado majoritariamente por cristãos, o BE considera os religiosos como alienados.
Outra característica do BE é sua elitização. Praticamente todos os quadros saem dos cursos universitários de ciências humanas. Voltado à mobilização de jovens insatisfeitos com abstrações como o “capitalismo global”, “patriarcado” e a “heteronormalidade”, o BE serve de válvula de escape à rebeldia sem causa típica da adolescência mais exasperada e impulsiva. Com a militância formada por universitários, o BE é logicamente composto por elementos distantes da maior parte do povo que não cursa ciências humanas. Preocupam-se mais com celebridades activistas do que com as mulheres que se matam a trabalhar nas limpezas e nas fábricas.
O BE acredita na sua megalomania socialista, que as suas ideias revolucionárias são naturalmente superiores aos interesses "egoístas" do restante da população. Prova empírica disso é a quantidade enorme de bloquistas que, diante de eleitores do Chega, não buscam compreender, num esforço intelectual mínimo, as razões pelas quais há tantas pessoas desejosas de ver André Ventura como primeiro-ministro. A reação instintiva do bloquista é sentir repugnância, como quem se depara com um criminoso e não com um cidadão preocupado digno de respeito e atenção.
Para o PCP a luta de classes é entre burgueses e trabalhadores, o BE vê luta de classes em tudo. homens vs. mulheres, europeus vs. resto do mundo, luta de gerações, não-cristãos vs. cristãos, ricos vs. pobres Etc...
